Solidariedade é uma via de mão dupla

abrace uma causa

Pequenas atitudes de generosidade fazem a diferença na vida de quem precisa – e também na de quem doa

matéria publicada originalmente na Revista Vida Simples – por Diego Brito

O ar fica mais leve, as luzes se acendem e uma pergunta quase ancestral começa a ecoar nas conversas e nos corações: “O que posso fazer pelo outro?”. O final do ano tem esse poder. Aproxima, comove e desperta um certo instinto de solidariedade. A vontade de fazer a diferença, de estender a mão, é genuína. No entanto, entre a intenção e a ação, muitas vezes fica a dúvida: “Como ajudar de forma eficaz, segura e que realmente chegue a quem precisa?”. Inclusive, esse sentimento não é exclusivo do fim de ano, ele pode surgir a qualquer momento.

(Foto: Freepik) Estudos mostram que atos altruístas liberam endorfina e serotonina, os famosos ‘hormônios da felicidade’

pesquisa Ipsos Health Service Report 2025, divulgada mês passado, mostrou que 52% dos brasileiros afirmam que a saúde mental é sua maior preocupação: crescimento de 34 pontos percentuais em comparação com 2018, quando 18% apontaram o bem-estar emocional como prioridade.

É diante deste contexto que vale recordar que o simples ato de solidariedade interfere de forma positiva no viver bem tanto de quem recebe quanto de quem doa.

“Basta relembrar de qualquer experiência bacana que já vivemos e como pensamos nas pessoas com quem gostaríamos de compartilhar aquele momento, certo?”, questiona Mayara Cabeleira, sócia e diretora de projetos e produtos sociais do Abrace uma Causa.

“Nesse caso é a mesma coisa, também há essa sensação ao saber que está contribuindo com o sorriso de uma criança, o bem-estar de uma pessoa idosa e, em âmbito social, para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária – seja por meio do esporte, da saúde, da educação ou da cultura”, completa.

Estudos mostram que atos altruístas liberam endorfina e serotonina – os famosos “hormônios da felicidade” – criando uma sensação de bem-estar que os pesquisadores apelidaram de “helper’s high” ou “euforia de quem ajuda”.

“É nos permitir sentir emoções com o amor, com a gratidão e com a esperança de um mundo melhor, apostando no agora, mas também no futuro. E isso não é uma utopia, é o que buscamos como possível para não sufocarmos diante da sensação de impotência.”

O Abrace uma Causa, inclusive, tem um formato diferente de dar um norte para quem ouve aquela voz interior chamar por solidariedade. A organização faz uma ponte digital e segura entre o doador e o destino final. No entanto, tem um toque a mais: qualquer cidadão pode destinar parte do IRPF (Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas) devido para projetos sociais aprovados em Leis de Incentivo Fiscal.

“É um ato de cidadania que permite que você decida para onde vai uma parcela do seu imposto, transformando ele em investimento direto em causas com as quais se identifica. Quando uma pessoa contribuinte na modalidade completa decide destinar parte do IR devido para um projeto aprovado ela não paga nada a mais do que já pagaria de imposto ao governo”, explica Mayara.

“Trata-se de um benefício fiscal que permite à sociedade civil exercer sua cidadania escolhendo onde alocar um percentual do próprio imposto. Destinar o imposto de renda é um ato que nos possibilita fazer o bem sem gastar nada.”

Mais do que um benefício fiscal, também é um exercício de propósito. Em um mundo onde notícias constantes podem gerar angústia e impotência, escolher ativamente onde aplicar parte dos seus tributos pode ser uma forma de antídoto.

“A impotência diante dos problemas sociais é uma queixa de muitas pessoas. Entender as causas que nos tocam e nos rodearmos de ações que podem servir como referências e inspirações certamente é reverter esse jogo, ainda que parcialmente.”

Mayara acrescenta que para tratar o tema com seriedade é preciso considerar o indivíduo em sua totalidade, incluindo o meio onde vive. Questões econômicas e sociais, como segurança pública, instabilidade financeira, pobreza e falta de oportunidades interferem diretamente na saúde mental das pessoas. “E é justamente essa população que grande parte dos projetos auxilia.”

Alguns deles que podem receber parte do IR devido:

Previna-se: o projeto fortalece a proteção de crianças e adolescentes por meio de oficinas, atendimentos e ações comunitárias que promovem saúde, cidadania e prevenção de diferentes formas de violência, envolvendo também as famílias e educadores;

Sonhos Não Envelhecem: o projeto promove formações, eventos e trocas com vivências que promovem
cidadania e inclusão social para a melhoria da qualidade de vida e autonomia de idosos, a partir da realização de atividades físicas, artísticas, culturais e intelectuais;

Plano de Desenvolvimento Integral Semente de Vida: o objetivo do projeto é promover a realização de oficinas socioculturais, em horário de contraturno escolar, para 385 crianças e adolescentes. O plano inclui
projetos sociais, culturais e esportivos, buscando empoderar jovens e famílias e promover alternativas de emprego e renda solidária, sempre valorizando a educação, o compromisso com a comunidade e a diversidade.

Verifique como o Abrace uma Causa funciona detalhadamente no passo a passo do site da instituição.

É possível fechar o ciclo deste ano com solidariedade. Estender a mão é transformar empatia em ação. Um gesto simples pode acender esperança, espalhar alegria e fortalecer laços.

Fazer o bem não é só ajudar quem recebe. É um ato que nos enche de propósito, conecta comunidades e multiplica cuidado. Seja sendo voluntário, doando tempo ou compartilhando oportunidades, cada atitude conta e ajuda a construir uma sociedade mais humana e acolhedora.